Espaço e Tempo na Cosmogonia de Gênesis

 

A preocupação central desse artigo é rebater a interpretação literalista da semana da criação como proposta pelos criacionistas da Terra jovem. Ao mesmo tempo, as evidências exegéticas apresentadas também refutam a visão harmonística conhecida como dia-anos, defendida por muitos criacionistas da Terra Antiga. A conclusão é que, concernente ao prazo, tanto no que diz respeito à duração quanto à sequência dos eventos, o cientista está livre de restrições bíblicas na hipótese de origens cósmicas.

A seção de abertura fornece um esboço biblico-teológico da natureza de dois registros da cosmologia, conforme apresentado nas Escrituras. A segunda seção mostra como a cosmologia de dois registros informa e molda o tratamento das dimensões do espaço e do tempo no prólogo de Gênesis. Verifica-se que existe uma relação metafórica entre os dois níveis; o nível celestial (registro superior) é descrito nas figuras extraídas do nível terrestre (registro inferior). Quanto ao esquema de sete dias, ele pertence ao registro superior e, portanto, deve ser entendido figurativamente, não literalmente. O ponto da seção final é que qualquer visão que identifique a ordem narrativa de Gênesis 1 com uma sequência temporal, contradiz o ensino de Gênesis 2:5 sobre o modo natural de providência durante o processo de criação.

Um pedido de desculpas é necessário por abordar novamente a questão dos dados cronológicos no relato da Criação em Gênesis. Há mais de trinta anos elaborei um argumento exegético a favor de uma interpretação não-literal da estrutura cronológica.[1] No meio tempo, essa abordagem encontrou aceitação crescente. Seu argumento mais distinto, derivado de Gênesis 2:5, foi ocasionalmente incorporado em estudos com visões semelhantes à questão cronológica. [2] A defesa da tradição literalista, no entanto, é tão exigente quanto sempre, e imaginamos que uma declaração mais acessível dos meus argumentos exegéticos poderia ser de utilidade.

Ao preparar essa defesa, outra linha de evidência exegética surgiu em meu pensamento. Trata-se de um conceito cosmológico de dois registros que estrutura toda a cosmogonia bíblica. Essa idéia se desenvolveu no ponto principal e tornou-se o guarda-chuva sob o qual os outros argumentos reafirmados se encaixam. Minha desculpa termina então com a alegação de acrescentar algo um pouco novo ao antigo debate.

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Colocando as cartas na mesa: o tema da redação do Enem e a intolerância da Internet

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Os comentários nas redes sociais sobre o tema da redação do maior exame nacional do país, o Enem 2016, foram unânimes: o MEC acertou na escolha do tema. Em toda a internet, de professores a comentaristas políticos e, inclusive, teólogos concluíram ser o tema pertinente e atual. Entretanto, nota-se, nesses comentários, certa confusão sobre o termo laicidade e também uma tendência a ver intolerância por parte, apenas, das religiões cristãs. A verdade é que laicidade não é assumir que todas as religiões estão certas e muito menos assumir que todas estão erradas; e não, não foram os cristãos que inventaram a intolerância.

Pois bem, os estudantes que foram ao segundo dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio tiveram 5h30 para discorrer sobre o tema “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”, além de responder 90 questões das provas de Linguagens e Matemática. Os estudantes, portanto, deveriam formular uma proposta de intervenção, que de acordo com o próprio enunciado seria a solução para combater/reprimir a intolerância religiosa no Brasil. A prova dispôs de quatro textos motivadores, uma nota do Ministério Público sobre a laicidade do Estado, um trecho da Constituição Federal; por fim, dois fragmentos de reportagens, destacando a violência religiosa como crime inafiançável e o número de denúncias sobre discriminação de crença, compuseram a coletânea.

A coletânea, portanto, é bastante precisa por dar provas com dados de que há intolerância no país e o foco deveria ser o combate à discriminação religiosa. E segue a mesma linha de temas sociais do ano anterior (a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira), já que em outros anos dividiu as opiniões dos estudantes quanto a movimento migratório e também quando o tema foi publicidade infantil. Neste ano, não há como defender a intolerância, pois, assim como no ano passado, é se colocar contra os direitos humanos e ao próprio edital do Enem.

Porém, o que se tem visto na internet é um desvio da proposta do tema já que, em alguns comentários, os estudantes parecem colocar evangélicos como os principais alvos de críticas e os mais intolerantes. Um dos comentários mais curtidos na página Esquerda Revolucionária, que publicou a imagem abaixo, diz o seguinte: “Se alguém te ofendeu por ser cristão isso é lamentável e essa pessoa é um babaca. Mas babaquice não é Cristofobia (sic)”.
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Pequenos detalhes que todo cristão deveria saber – Parte 2

Seguindo nossa série de posts, dessa vez trataremos, através de uma adaptação de um artigo produzido pelo Dr. Michael Kruger, da questão da compilação do Cânon do Novo Testamento.

Ao investigar esse assunto, os estudiosos gostam de destacar a primeira vez que encontramos uma lista completa de 27 livros. Sem nenhuma surpresa, a lista contida na famosa Carta Pascoal (367 d.C) de Atanásio é mencionada como a primeira vez que algo assim aparece na história da Igreja Cristã.

Como resultado, frequentemente ouvimos que o Novo Testamento foi um fenômeno tardio e que os cristãos não possuíam o Novo Testamento até o final do quarto século. No entanto, esse tipo de raciocínio é problemático em vários níveis. Em primeiro lugar, nós não avaliamos a existência do Novo Testamento apenas através da existência de listas. Se examinamos a maneira que certos livros foram usados pelos pais da igreja primitiva, fica evidente que existia um cânon operante muito antes do quarto século. De fato, lá pelo segundo século já existe uma coleção central de livros do Novo Testamento funcionando como Escrituras.

Em segundo lugar, existem razões para acreditar que a lista de Atanásio não é a mais antiga lista completa que possuímos. O Dr. Michael Kruger argumenta que, por volta de 250 d.C., Orígenes produziu uma lista completa contendo os 27 livros do Novo Testamento (mais de 100 anos antes de Atanásio). Em sua maneira tipicamente alegórica, Orígenes usou a história de Josué para descrever o cânon do Novo Testamento:

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Pequenos detalhes que todo cristão deveria saber – Parte 1

Essa série de posts terá o propósito de apresentar detalhes que passam desapercebidos ou são desconhecidos por grande parte dos cristãos mas que tem uma influência muito grande na eficácia de argumentos na apologética. Nesse primeiro post iremos tratar de um detalhe útil nas discussões com arianos e antitrinitarianos em geral. Ele é conhecido como a regra de Granville Sharp

No Grego Koiné existe uma regra gramatical simples, porém muito importante, que está diretamente relacionada à Divindade do Senhor Jesus Cristo conforme exposta nas Escrituras: a regra de Granville Sharp. Ela basicamente lida com o sentido de passagens como Tito 2:13 e 2 Pedro 1:1, cujas traduções são deturpadas por grupos antitrinitarianos. Sendo assim, acreditamos que todo cristão deve estar informado a respeito desse assunto (ainda que de maneira breve).

A regra de Granville Sharp afirma que caso encontremos dois substantivos descrevendo uma pessoa (que não sejam substantivos próprios como Paulo, Silas ou Timóteo) e eles estejam ligados pelo conectivo “e”, com o primeiro apresentando o artigo (“o”) e o segundo não, então ambos substantivos estarão se referindo à mesma pessoa. Isso é exemplificado em nossos textos pelas palavras “Deus” e “Salvador” em Tito 2:13 e 2 Pedro 1:1:

… enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.” (Tito 2:13)

Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, àqueles que, mediante a justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, receberam conosco uma fé igualmente valiosa” (2 Pedro 1:1)

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Ateísmo, Amoralismo e Não-racionalismo

Ateísmo e Amoralismo

Em Abril de 2010, o eticista Joel Marks sentou-se em frente ao seu computador e escreveu uma confissão para os leitores da coluna “Moral Moments” na revista Philosophy Now. Sua confissão dizia que ele tinha feito algo imoral. Sua confissão era que ele não poderia ter feito qualquer coisa imoral, em qualquer momento de sua vida, pois não exista coisa como a moralidade. Ou, ao menos, isso foi o que ele concluiu. O autor de “Moral Moments” saiu do armário como uma “amoralista ‘. Como ele mesmo coloca na primeira parte do seu “Manifesto Amoral”:

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A Bíblia prediz a vinda de Maomé?

Os muçulmanos tem afirmado por um bom tempo que a vinda de Maomé foi profetizada na Bíblia, ou seja, nas Escrituras judaicas (Antigo Testamento) e nas Escrituras Cristãs (Novo Testamento). Por que os muçulmanos fazem essa declaração? A alegação baseia-se na afirmação contida no Alcorão de que a vinda de Maomé está descrita nas Escrituras do ahl al-Kitab (i.e., “o povo do Livro“), um título dado aos judeus e cristãos. Ele afirma: “Aqueles que seguiram o Apóstolo, o Profeta iletrado [Muhammad], o qual encontram mencionado em suas próprias (Escrituras), na Lei e no Evangelho” (Alcorão 7:157). A Lei e o Evangelho se referem, naturalmente, às Escrituras judaicas e cristãs, respectivamente.

Uma incoerência surge neste momento, quando levamos a Bíblia à discussão sobre o Islã. Muitos muçulmanos afirmam que a Bíblia é:

1) Corrompida e não-confiável.
2) Algumas de suas partes são verdadeiras.
3) Algumas partes são falsas.

Se (1) for verdadeiro, então o argumento de que Maomé é previsto na Bíblia é discutível e irrelevante, porque a Bíblia não pode ser confiável. Ambos (2) e (3), essencialmente, dizem a mesma coisa e a maioria dos muçulmanos optam por (2) ou (3). A razão para fazê-lo, contudo, não se baseia em qualquer critério consistente, mas sim uma abordagem ad hoc, limitada desde o seu princípio. Como os muçulmanos sabem quais são as partes da Bíblia que são verdadeiras e confiáveis e quais não são? Eles fazem isso usando o Alcorão como guia de referência. Quando a Bíblia concorda com o Alcorão, ela está certa, quando isso não acontece, é uma interpolação ou um erro. Essa é exatamente a mesma metodologia que as seitas usam para julgar a Bíblia, se ela não estiver em conformidade com a sua “nova” revelação ou escritura, é um erro.

Para que o muçulmano declare que a Bíblia prediz a vinda de Maomé ele/ela deve manter o ponto (2) descrito acima. As três passagens principais que são citadas para apoiar a alegação de que Maomé é previsto na Bíblia são:

1) Deuteronômio 18: 18-19

2) Cantares de Salomão 5:16

3) João 14: 16-17, 26; 15:26; 16: 7

Vamos examinar cada uma dessas passagens e ver se elas suportam ou não as alegações dos muçulmanos.

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Falhas dolorosas no estudo recente sobre religião e moralidade

Um estudo recente, liderado por Jean Decety, tem sido usado para sugerir que indivíduos seculares são mais generosos e morais que indivíduos religiosos. Na verdade, a pesquisa sugere que a moralidade é basicamente uma parte de nossa biologia e que a religiãoparece nos afastar dela. Assim, ele argumenta que uma cosmovisão secular seria o melhor para nós. Finalmente, ele afirma que os cristãos evangélicos não irão aceitar seu trabalho, porque eles “não querem ciência”. Mas há sérios problemas metodológicos com o estudo de Decety, problemas que um cientista social treinado deveria reconhecer, independentemente de sua cosmovisão.

As dificuldades começam quando Decety e seus co-autores usam uma medida conhecida como “o jogo do ditador” para determinar o nível de altruísmo entre os indivíduos. No entanto, é altamente questionável que este jogo possa realmente avaliar o altruísmo. Esta ferramenta, ao invés, pode medir a obediência ao instrutor do jogo.

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O plano de salvação conforme o Cristianismo

O plano de salvação começa e termina com Deus e o mistério da iniquidade. Na realidade, sem minimizar a pecaminosidade do homem, o enigma começa mesmo com Deus. Nenhum homem jamais leva o pecado tão a sério quanto Deus o leva. Da mesma forma, nenhum homem é capaz de sondar e entender o uso do pecado, pelo próprio Deus, como forma de trazer glória para Si mesmo.

Foi de acordo com a perfeita e soberana vontade de Deus que os céus começaram a existir. Foi de acordo com a perfeita e soberana vontade de Deus que uma parcela dos anjos criados ultrapassaram os limites e procuraram ser como Deus. Por isso, o pecado abrangeu todo o universo.

Foi de acordo com a perfeita e soberana vontade de Deus  que o mal foi ainda mais exposto perante o universo através da queda homem em Adão. Porque todos pecaram e  destituídos estão da glória de Deus. Em Sua perfeita vontade, Deus considerou o pecado como um meio adequado para demonstrar a Sua santidade, justiça e misericórdia.

A pergunta desconcertante da Bíblia não é: “Como Deus pode enviar bons homens para o inferno?”. É, antes, “Como Deus pode levar homens maus para o céu?” Como já dissemos, o mistério da iniquidade começa e termina com Deus. Ele não pode tolerar o pecado. Ele possui uma eterna repulsa pela pecaminosidade de sua própria criação. Por que Deus considera essa mesma pecaminosidade adequada para seus propósitos não é dado ao homem compreender. Como um teólogo disse: “Traga-me um verme que pode compreender ao homem, e eu lhe mostrarei um homem que pode compreender a Deus!” Isso não pode ser feito. Embora não possamos compreender por que Deus assim ordenou as coisas, podemos ter a certeza de que a revelação da Sua Palavra, como afirmada na Bíblia, diz que ele de fato ordenou. O homem sabe muito pouco.

No entanto, Deus, e somente Deus, resolveu o enigma que Ele mesmo expôs ao universo. Deus enviou Seu único Filho, Jesus Cristo, para viver uma vida perfeita e sem pecado, se qualificar como um sacrifício perfeito, obter uma perfeita redenção para que assim Deus se reconciliasse ao homem. Esta reconciliação é feita através da morte sacrificial de Jesus Cristo em favor dos pecadores ímpios; e pela imputação da justiça de Jesus Cristo a eles por meio da fé. Esta grande troca de Jesus Cristo fazer pelos pecadores o que Deus exige deles é chamada de Expiação Substitutiva.

O Evangelho é a Boa Notícia de que a justiça de Deus agora foi revelada. É uma justiça, pela parte de Deus, que cumpre os Seus próprios requisitos, a fim de receber os pecadores à Sua presença.  Ao fazer isso, Deus tem mostrado o quão mal é o pecado, a perfeição de sua natureza, a solenidade de sua justiça e Seu Amor misericordioso. De uma forma inconcebível para o homem, Deus demonstrou Sua Glória a um universo de espectadores e satisfez uma série de demandas celestiais que a humanidade conhece muito pouco.

Todo aquele que recebe a justiça de Cristo como sua própria através da fé na obra consumada no Calvário, é reconciliado com Deus e para este não há condenação. Qualquer tentativa de possuir o céu sob quaisquer outros termos é estritamente proibida e amaldiçoada. A justiça de Deus  recebida somente pela fé no sacrifício perfeito de Cristo, é incomparável. É o único Evangelho pelo qual podemos ser salvos! Oh pecador, corra para Cristo! Receba a Sua justiça como seu revestimento para a eternidade, ou então pereça…

Doze perguntas que um cristão deve fazer antes de assistir “Game of Thrones”

Pastor John, você acredita que haja alguma diferença entre nudez de filmes e a nudez em pornografia? Eu conheço vários cristãos que são contra pornografia, mas eles não tem problema algum em assistir filmes ou programas de TV que apresentem nudez gráfica.” Uma jovem mulher chamada Emily recentemente enviou essa pergunta ao “Ask Pastor John”.

Um dia depois, Adam enviou a seguinte pergunta: “Pastor John, o que o senhor diria a um cristão que assiste o programa Game of Thrones“? É um programa de TV com classificação adulta, e se tornou infame por causa da nudez e de cenas de sexo explícito, também por cenas de estupro e violência sexual contra as mulheres. Game of Thrones é agora a série mais popular na história da HBO, com uma audiência média de mais de 18 milhões de telespectadores.

A seguir está uma transcrição ligeiramente editada da resposta de John Piper nesse episódio de “Ask Pastor John”.

Quanto mais perto fico de morrer, de encontrar Jesus pessoalmente (face a face) e de prestar contas da minha vida e das palavras mal-pensadas que eu falei (Mateus 12:36), mais certeza eu tenho da minha decisão de nunca olhar intencionalmente para um programa de TV, um filme, website ou revistas onde eu saiba que irei ver fotos ou filmes de nudez. Nunca. Essa é minha decisão. E quanto mais perto fico da morte, melhor me sinto quanto a isso, e mais dedicado eu me torno.
Francamente, eu quero convidar todos os cristãos a se juntarem a mim nesta busca de uma maior pureza de coração e mente. Em nossos dias, quando o entretenimento da mídia tornou-se praticamente a língua comum do mundo, isto soa como um convite para ser um alienígena. E eu acredito com todo meu coração que o que o mundo precisa é de alienígenas radicalmente destacados, com sacrifício amoroso, apaixonados por Deus. Em outras palavras, estou convidando você para dizer não ao mundo para o bem do próprio mundo.

O mundo não precisa de mais gente legal e “culturalmente esclarecida”, ou seja, de cópias irrelevantes de si mesmo. Isso é um erro que tem enganado milhares de jovens cristãos. Eles pensam que têm de ser descolados, legais, esclarecidos, culturalmente conscientes, observando tudo para não serem bizarros. E isso é o que está desfazendo-os moralmente e desfazendo os seus testemunhos.

Então aqui estão 12 perguntas para se pensar, ou 12 razões porque estou comprometido a uma abstenção de tudo que eu sei que irá me apresentar nudez.

1 – Será que estou recrucificando a Cristo?

Cristo morreu para purificar seu povo. É uma falsificação absoluta da Cruz tratá-la como se Jesus morresse somente para nos perdoar do pecado de assistir a nudez, e não para nos purificar e dar-nos o poder de não vê-la.
Ele tem poder (comprado pelo sangue de Sua cruz). Ele morreu para nos fazer puros. Ele “entregou a si mesmo, por nós, para nos remir de toda iniqüidade e purificar para si um povo para sua própria posse” (Tito 2:14). Se escolhemos endossar, abraçar, desfrutar ou buscar a impureza, é como se tomássemos uma lança e  perfurássemos o lado de Jesus cada vez que fizéssemos isso. Ele sofreu para nos libertar da impureza.

2 – Será que isso expressa ou favorece a minha santidade?

Na Bíblia, do início ao fim, há um chamado radical à santidade – a santidade da mente, do coração e da vida. “Como aquele que vos chamou é santo, vós também sejam santos em todo o vosso procedimento” (1 Pedro 1:15). Ou 2 Coríntios 7: 1, “Uma vez que temos essas promessas, amados, purifiquemo-nos de toda contaminação de corpo e espírito, trazendo santidade para o acabamento no temor de Deus” A nudez em filmes e fotografias não é santa e não faz avançar a nossa santidade. É profana e impura.

3 – Quando irei lançar fora meu olho, se não agora?

Jesus disse que todo aquele que olha para uma mulher com intenção concupiscente já cometeu adultério com ela em seu coração. Se seu olho direito te leva a pecar, arranque-o e jogue-o fora (Mateus 5:28-29). Ver mulheres nuas – ou homens nus – leva um homem ou uma mulher a pecar com suas mentes e seus desejos, e frequentemente com seus corpos. Se Jesus nos ordenou guardar nossos corações, ao arrancar nossos olhos para prevenir a concupiscência, seria certo que Ele também diria: “Não assista a isso!”.

4 – Não é satisfatório pensar naquilo que é honroso?

A vida em Cristo não é apenas evitar o mal, mas principalmente buscar de forma ardente o bem. Lembre-se de Filipenses 4:18, “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.

Minha vida não é uma vida forçada. É livre. “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.” (Gálatas 5:13)

5 – Estou buscando ver a Deus?

Eu quero ver e conhecer a Deus, tanto quanto possível nesta vida e na ressurreição. Assistir a nudez é um enorme obstáculo nessa busca. “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus” (Mateus 5: 8). A contaminação da mente e do coração, observando nudez entorpece a capacidade do coração de ver e desfrutar a Deus. Eu desafio qualquer um a ver nudez e logo após ir diretamente a Deus, orando, dando-lhe graças por causa do que  acabou de experimentar.

6 – Será que eu me importo com as almas daqueles que aparecem nus?

Deus chama às mulheres a se vestirem de uma maneira respeitável, com modéstia e auto-controle (1 Timóteo 2:9). Quando buscamos, recebemos ou embraçamos a nudez em nosso entretenimento, estamos implicitamente endossando o pecado das mulheres que se vendem dessa maneira e, portanto, sendo negligentes quanto a suas almas. Elas desobedecem 1 Timóteo 2:9, e nós dizemos que está tudo bem.

7 – Eu ficaria feliz se fosse uma filha minha interpretando o papel?

A maioria dos cristãos são hipócritas ao assistirem nudez, porque, pelo fato de assistirem, por um lado eles dizem que isso é bom, e, por outro lado, lá no fundo eles sabem que eles não iriam querer que sua filha, esposa ou namorada estivessem interpretando esse papel. Isso é hipocrisia.

8 – Será que eu estou dizendo que a nudez pode ser fingida?

A nudez não é como o assassinato e a violência na tela. A violência na televisão é de faz-de-conta; ninguém realmente morre. Mas a nudez não é faz-de-conta. Essas atrizes estão realmente nuas na frente da câmera, fazendo exatamente o que o diretor pede para elas fazerem com as pernas, as mãos e os seios. E elas estão nuas para que milhões de pessoas possam ver.

9 – Será que eu estou comprometendo a beleza do sexo?

Sexo é uma coisa bonita. Deus o criou e o declarou como “bom” (1 Timóteo 4: 3). Mas não é um esporte para um espectador assistir. É uma alegria santa que é sagrada em seu lugar devido, de um amor terno e seguro. Homens e mulheres que querem ser assistidos na sua nudez estão na categoria de exibicionistas que puxam suas calças para baixo em lugares públicos.

10 – Será que eu estou dizendo que a nudez é necessária para que haja Boa Arte?

Não há um grande filme ou uma grande série de televisão que realmente precise de nudez para adicionar à sua grandeza. Não. Não existe. Existem formas criativas para ser fiel à realidade sem transformar o sexo em um esporte de espectador e sem colocar atores e atrizes em situações moralmente comprometedoras no set.

Não é a integridade artística que está dirigindo a nudez na tela. Debaixo de toda a superfície, o apetite sexual masculino é o verdadeiro motor deste negócio, e, como consequência, a pressão da indústria e do desejo de classificações que as vendem. Não é a arte que coloca a nudez no filme, é o apelo à lascívia. Este sim vende.

11 – Será que eu estou implorando por aceitação?

Os cristãos não vêem nudez principalmente por ter como propósito maximizar a santidade. Mas isso, aparentemente, não impede que eles voltem a assisti-los. No fundo eles sabem que estes filmes e programas de televisão estão cheios de elogios e exaltações a atitudes que estão totalmente fora de sintonia com a morte do “eu” e com a exaltação de Cristo.

Não, o que faz os cristãos voltarem a ver esses programas é o medo de que, se levarem Cristo a sério em Sua palavra e considerarem a santidade um assunto tão sério como estou dizendo que é, eles teriam que parar de ver tantos programas de televisão e tantos filmes, que eles seriam vistos como bizarros. E, hoje em dia, esse é o pior de todos os males. Ser visto como bizarro é um mal muito maior do que ser profano.

12 – Será que eu sou livre da dúvida?

Há uma orientação bíblica que torna a vida muito simples: “Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado.“(Romanos 14:32). Minha paráfrase: Se você tem dúvidas, não faça. Se isso fosse seguido, os hábitos de visão de milhões de pessoas seriam alterados, e, oh, quão tranquilamente eles iriam dormir com as suas consciências.

Então eu digo novamente:
Junte-se a mim na busca do tipo de pureza que vê a Deus, e conhece a plenitude da alegria em sua presença e do prazer eterno à sua mão direita.

Resposta dada pelo Pastor John Piper
Traduzido por Erving Ximendes